Foco Semanal do Cabo Ligado: O Regresso dos Deslocados de Palma a Mocímboa da Praia

O regresso de 123 deslocados de Quitunda, no distrito de Palma, a Mocímboa da Praia na semana passada esconde o deslocamento contínuo nos distritos orientais de Cabo Delgado, de Palma, no norte, a Ancuabe e Chiure no sul, que foram abalados por ataques nas últimas semanas. Dada a persistência dos conflitos em toda a província e os serviços públicos limitados, o regresso a Mocímboa da Praia não é garantido.
16 Junho, 2022

O regresso de 123 deslocados de Quitunda, no distrito de Palma, a Mocímboa da Praia na semana passada esconde o deslocamento contínuo nos distritos orientais de Cabo Delgado, de Palma, no norte, a Ancuabe e Chiure no sul, que foram abalados por ataques nas últimas semanas. Dada a persistência dos conflitos em toda a província e os serviços públicos limitados, o regresso a Mocímboa da Praia não é garantido.

Milhares de pessoas que fugiram do ataque de Março de 2021 na vila de Palma vivem em Quitunda, uma aldeia de reassentamento na península de Afungi construída pela Anadarko para abrigar pessoas deslocadas pelo projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL). As pessoas deslocadas incluem um número que originalmente fugiu de Mocímboa da Praia para Palma, depois que Mocímboa foi tomada por insurgentes em Agosto de 2020. O regresso da semana passada de 123 pessoas a Mocímboa da Praia contou com o apoio das “Forças Conjuntas do Ruanda e Moçambique”, segundo um comunicado do Ministério da Defesa do Ruanda, que espera que um total de 3.556 pessoas voltem a Mocímboa. Não está claro se as condições ainda são adequadas ou se esse nível de retorno projetado será possível. Em Abril, Médicos sem Fronteiras (MSF ) informou que a eletricidade e a água foram restabelecidas, mas que não havia comércio. Ainda no mês passado, o município de Mocímboa da Praia chegou a ameaçar os funcionários públicos para regressarem até 15 de Maio.   

Embora remover uma população vulnerável do local do projeto de volta a Mocímboa da Praia sempre tenha sido um objetivo da TotalEnergies, a empresa não é complacente com a situação de segurança na comunidade em geral. O apoio ao desenvolvimento de Quitunda e outras comunidades continua, mas foi suspenso nas aldeias de Olumbe e Mondlane desde o final de Maio, segundo o jornal Savana. As duas aldeias situam-se a sul do local de GNL. Isto reflecte as preocupações com as operações de uma célula armada que opera entre a costa e a estrada R762 que liga Palma e Mocímboa da Praia. Acredita-se que a célula seja responsável por duas incursões em Olumbe no mês passado e por ataques a veículos no R762. Com as forças moçambicanas, ruandesas e da SADC esticadas pelos eventos a sul, tanto Palma como Mocímboa da Praia podem ficar expostos.

O medo e a fuga causados pelas ações dos insurgentes nos distritos do sul na última quinzena ressaltam a necessidade de cautela sobre o retorno aconselhado pelo presidente Nyusi na última semana de Maio. O sucesso final de regressos de alto perfil, mas muito modestos, como se viu de Palma a Mocímboa da Praia na semana passada, depende da situação de segurança mais ampla. Como vimos nas últimas duas semanas, isso pode mudar rapidamente.


Este artigo é excerto do Cabo Ligado Semanal, uma colaboração do Zitamar News, MediaFax e ACLED.

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