Terroristas voltam a atacar, matar, ocupar e pilhar na vila sede de Macomia

Para a população local, o ataque a vila sede de Macomia não foi qualquer tipo de surpresa. A população de uma aldeia próxima da vila de Macomia, particularmente dos campos agrícolas de Namigure, viu parte de terroristas, dia antes, passando em direcção à vila distrital. E os alertas chegaram às autoridades militares e administrativas.
13 Maio, 2024

 Os bandos terroristas que actuam em Cabo Delgado há pouco mais de seis anos voltaram a conseguir a atacar com sucesso, na manhã da sexta-feira (10 de Maio), a bastante movimentada vila distrital de Macomia, região centro da província, fazendo danos humanos, entre membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e população civil, e ainda a destruição de infra-estruturais privadas e públicas. Além disto, os terroristas conseguiram levar tudo quanto quiseram, particularmente produtos alimentares saqueados em estabelecimentos privados e ainda no armazém do Programa Mundial de Alimentação (PMA), que servia para abastecer a população refugiada naquela sede distrital.

O ataque começou cerca das 4h30 nas aldeia de Xinavane, próximo ao aeródromo de Macomia, e o bairro Nanga, já no interior da vila. A estratégia usada é a mesma. Terroristas infiltrados nestas comunidades residenciais abriram fogo contra posições das Forças de Defesa e Segurança localizadas a sede distrital, dificultando a acção destas, tendo em conta que os atacantes estavam infiltrados no seio da população.

Até ao fecho desta edição, na tarde deste domingo, a situação na sede distrital continuava algo confusa, mas muitas fontes relatavam a saída de terroristas e, consequentemente, sinais de população regressando às casas para avaliar os estragos causados.

Nada de surpresa

Para a população local, o ataque não foi qualquer tipo de surpresa, tendo em conta que há muito circulavam sinais de que a vila poderia ser atacada a qualquer momento. Aliás, a população de uma aldeia próxima da vila de Macomia, particularmente dos campos agrícolas de Namigure, viu parte de terroristas, dia antes, passando em direcção à vila distrital. E os alertas chegaram às autoridades militares e administrativas.

Mas, de fontes de Macomia, o grande problema e trunfo dos insurgentes é continuarem a beneficiar de informação privilegiada sobre os movimentos das Forças de Defesa e Segurança. Os movimentos e posições das FDS são facultados por colaboradores dos grupos armados infiltrados nas comunidades residenciais, mas também suspeita-se que continue a venda de informação por parte de alguns elementos das Forças de Defesa e Segurança.

Não só. Tal como aconteceu nos ataques anteriores, incluindo na tomada da vila de Mocímboa da Praia, em Agosto de 2020, os terroristas conseguem infiltrar vários elementos nas comunidades residenciais. No ataque que iniciou sexta-feira, várias terroristas estavam como residentes nas comunidades de Nanga e Xinavane.

Das informações que circularam, os combates com as Forças de Defesa e Segurança duraram, inicialmente, cerca de 60 minutos, tendo os grupos recuado. Entretanto, tempo depois regressaram já na companhia de outros elementos que estavam nas redondezas da vila.

Vila ocupada

Reforçados, os terroristas terão conseguido dominar as várias posições das Forças de Defesa e Segurança, instaladas na vila exactamente para garantir protecção e segurança desta e da população civil. Nisto, as posições militares terão sido abandonadas e os terroristas as ocupado e, por via disto, dominado a vila distrital.

Dos relatos a que tivemos acesso, fala-se de passeatas e reuniões promovidas por terroristas para, junto da população, falar do islão e, aparentemente, desculpar-se pelos danos humanos verificados.

Dos encontros com a população local, os terroristas tentam sempre dizer que o problema deles não é contra a população civil, mas sim contra elementos das Forças de Defesa e Segurança.

O domínio do bando ter-se-á mantido até a manhã deste domingo. Actualmente, há indicações de os grupos terem deixado a vila e regressando às áreas nas quais mantém bases, particularmente ao longo do Messalo, nas regiões dos postos administrativos de Mucojo e Quiterajo.

Levaram tudo que quiseram

Ao longo da permanência terão, segundo se diz e contrariamente o conteúdo do comunicado do Estado Maior - General,  matado alguns elementos das Forças de Defesa e Segurança, incluindo por decapitação. Aliás, o chefe da força local de Xinavane está entre as vítimas mortais.

À saída, tal como aconteceu aquando da invasão o ocupação da sede distrital de Quissanga, os terroristas saíram de viaturas completamente carregadas de produtos alimentares saqueados nos estabelecimentos comerciais da sede distrital. No caso de Macomia, os terroristas saquearam, igualmente, o armazém do Programa Mundial da Alimentação, que abastece as várias famílias deslocadas naquela região.

Fala-se de nove viaturas levadas pelo bando, devidamente carregadas de mantimentos. As viaturas, segundo se diz, pertenciam a Médicos Sem Fronteiras, a Cruz Vermelha de Moçambique e ao Programa Mundial de Alimentação.

Ao que soubemos, o grupo saqueou, igualmente, os camiões que estavam estacionados na sede distrital, com destino à região norte da província, a exemplo de Mocímboa da Praia, Palma e Mueda.

No que se considera domínio e à vontade que se assistia na sede distrital, diz-se também que os atacantes autorizavam a população local que permaneceu na vila, a levar os produtos das lojas e até dos armazéns do PMA.

Em algum momento, a Forças de Defesa da África o Sul, que integram a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) entraram em confronto com os terroristas, segundo atesta uma nota oficial do exercito sul-africano.

Há, igualmente, o entendimento de que os terroristas procuraram muito rapidamente sair da vila pelo facto de terem tomado conhecimento da aproximação do apoio para as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, nomeadamente das Forças de Defesa do Ruanda e da África do Sul.

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