Foco: Avanço do EIM para o sul

Os ataques do EIM na semana passada em Nampula foram os primeiros naquela província em pouco mais de 18 meses. Tal como anteriormente, visaram comunidades rurais no norte da província. O seu avanço para sul, através de Cabo Delgado e para Nampula, encontrou pouca resistência por parte das forças estatais, o que lhes permitiu enviar sinais políticos e sectários claros às comunidades em todo o norte de Moçambique.
6 Maio, 2024

O EIM iniciou a sua deslocação para sul no final do Ramadão, juntando-se às celebrações do Eid el-Fitr em Cagembe, no distrito de Quissanga. Seguiram depois para Tapara e Bilibiza antes de avançarem para sul através dos distritos de Ancuabe e Chiúre e seguirem para Nampula. Imagens de Cagembe e Tapara, divulgadas pelo EI a 29 de Abril, mostram o grupo aparentemente à vontade, realizando dawah com os aldeões. Dawah, ou propagação da fé, tem sido uma característica das comunicações do EI tanto em Moçambique e  no Mali desde Janeiro. Dado o controlo apertado que exerce das comunicações em nome das suas províncias, é pouco provável que isto seja uma coincidência.

 O EI publicou quatro conjuntos de fotografias entre 25 e 30 de Abril para ilustrar a sua campanha no distrito de Chiúre e do outro lado do rio, no distrito de Eráti, em Nampula. Estes incluíram o incêndio de casas e uma escola e a destruição de uma igreja. Imagens de Magaia apresentavam a decapitação de um aldeão, que se segue à decapitação de outros três residentes de Magaia que foram apresentadas em Fevereiro.

O movimento do EIM para sul foi, na sua maior parte, desimpedido. A única resistência que encontrou por parte das forças estatais em Cabo Delgado foi a de um destacamento da Força Local em Nanoa, no dia 19 de Abril, destacado de Mueda. Uma declaração do EI no dia 27 de Abril reconheceu que o grupo encontrou forças estatais em Mithoca, em Nampula. A presença das forças de segurança pode ter dificultado o seu regresso. No entanto, o seu movimento aberto através de Cabo Delgado sublinha a incapacidade do Estado em fornecer segurança nesses distritos. As consequências das ações do EIM reforçam as falhas do Estado, com mais de 40 mil residentes deslocados entre 17 e 29 de Abril nos distritos de Ancuabe e Chiúre. A extensão das suas operações em toda a província irá sobrecarregar ainda mais as forças de segurança, a administração cívica e as comunidades no sul de Cabo Delgado e no norte das províncias de Nampula, particularmente à medida que a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM) se esgota.

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