Distração das forças aliadas traz a expansão do EIM para o Sul

Embora as FDS estejam significativamente desmoralizadas, a SAMIM e as forças ruandesas estão distraídas por um outro conflito que é indiscutivelmente de maior importância para os seus interesses.
23 Fevereiro, 2024

A estação chuvosa geralmente leva a um declínio das acções de EIM. Este ano, no entanto, o grupo manteve as actividades durante as chuvas de Janeiro e Fevereiro. ACLED regista o envolvimento do EIM em 22 eventos de violência política em Janeiro, sete deles ocorridos nos distritos de Pemba, Mecufi e Metuge. Esta atividade foi mantida até Fevereiro. Na última quinzena, o grupo chegou ao sul, até Nacoja, no rio Lúrio, na fronteira com Nampula, e bloqueou o tráfego em importantes estradas principais nos distritos de Meluco e Quissanga. A resposta a isto dependerá tanto da capacidade das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) como do nível de apoio que pode esperar da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM) e das Forças de Segurança do Ruanda (RSF).

Todas as três forças estão sob tensão significativa. Embora as FDS estejam significativamente desmoralizadas, as duas restantes estão distraídas por um conflito na República Democrática do Congo, que é indiscutivelmente de maior importância para os seus interesses.

Desde Dezembro de 2023, as FDS sofreram pelo menos 46 fatalidades no conflito. Pelo menos 13 delas ocorreram em três eventos separados em Mucojo, a 26 de Dezembro, e pelo menos outros 20 ocorreram no confronto de 9 de Fevereiro, que viu o EIM recuperar o controlo de Mucojo. No dia 30 de Janeiro, como parte do avanço para sul, oito pessoas foram mortas numa emboscada efectuada por uma patrulha militar montada no distrito de Mecufi. O impacto disto sobre a moral das tropas no terreno é, sem dúvida, considerável.

A SAMIM e a RSF estão elas próprias sob considerável pressão política e logística devido ao desenrolar dos acontecimentos na RDC. A Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral na RDC (SAMIDRC) é composta maioritariamente por tropas da Tanzânia e da África do Sul. Tanto a África do Sul como a Tanzânia são contribuintes significativos para a SAMIM. No entanto, como parte da SAMIDRC, estão em conflito direto com o Movimento M23, apoiado pelo Ruanda. É de esperar que isso afecte os níveis de cooperação em Moçambique.

Também do ponto de vista logístico, o destacamento na RDC sobrecarrega enormemente os recursos da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF). O contingente sul-africano da SAMIDRC é de quase 3.000 soldados. Isto é o dobro do contingente destacado para a SAMIM, do qual a África do Sul já terá retirado metade das suas forças especiais destacadas. A Tanzânia é tradicionalmente menos aberta relativamente às operações militares, mas imagens do que se pensa serem tropas tanzanianas a bombardear posições do M23 no início de Fevereiro sugerem que o seu destacamento da SAMIDRC consumirá muito mais recursos do que em Moçambique.

Das “forças amigas” de Moçambique, a RSF está melhor posicionada para enfrentar as operações EIM no sul. Desde Dezembro de 2022, existe uma base da RSF em Niare, 14 quilómetros a sudoeste do distrito de Ancuabe. Mas, tal como os seus homólogos, os desenvolvimentos na RDC são provavelmente uma distracção. Numa declaração de 18 de Fevereiro, o Ruanda afirmou que a RDC tinha ameaçado repetidamente invadir o Ruanda e que o Ruanda tinha “ ajustado a sua postura em conformidade.” De acordo com alguns relatos, isto inclui combates activos na RDC.

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