Terroristas atacam, matam, saqueiam mantimentos e fazem reféns
Em mais um episódio que ressuscita questionamentos sobre o posicionamento e desdobramentos operativos e estratégicos das Forças de Defesa e Segurança (FDS), mais um ataque “bem sucedido” foi protagonizado por grupos terroristas, à Ilha Matemo, distrito do Ibo, nesta terça-feira.
Fontes citadas pela Zitamar News sugerem que os atacantes chegaram à ilha transportados num barco quando eram cerca das 17 horas e rapidamente começaram a queimar casas e vanda lizar, saquear e destruir barracas de comerciantes locais. Na incursão, que terá durado toda a noite e madrugada do dia seguinte, pelo menos, três pessoas terão sido mortas. Outras fontes falam de números maiores no que às vítimas humanas diz respeito. O hospital local também terá sido incendiado.
Grande parte dos danos se concen trou nos bairros de Palussança, Mitupa e Gamba, segundo um comerciante local.
Os insurgentes abandonaram Matemo na manhã seguinte, por força da acção de helicópteros das Forças de Defesa e Segurança, que só se fizeram à ilha nas primeiras horas de quarta-feira.
Ao que o mediaFAX soube a ilha não tem uma posição permanente das Forças de Defesa e Segurança, apesar do histórico de anteriores invasões terroristas à ilha. A posição militar está só na sede distrital do Ibo.
O Sistema de Informações sobre Incêndios para Gerenciamento de Recursos da NASA (FIRMS) detectou três incêndios em áreas construídas da ilha de Matemo às 00:20 hora local em 02/02/22, coincidindo com o horário relatado do ataque.
À medida que os insurgentes fugiam, teriam levado produtos do saque e reféns. Eles saíram num barco deno minado “Wasafi”, que, entretanto, terá sido recuperado com os bens roubados a bordo e levado para Pemba.
A forma como o ataque aconteceu sugere, para algumas fontes, que a principal intenção dos grupos é assegurar o seu reabastecimento, particularmente alimentar.
Na semana passada, recorde-se, Bernardino Rafael disse que os grupos terroristas andam fragilizados, com fome e com sede, pelo que era tempo de apertar e não lhes dar tréguas.
Mensagens deixadas
Tendo permanecido em Mate mo durante a noite toda, os terroris tas tiveram ainda tempo de deixar mensagens escritas. São inscrições de ameaça e desafio.
Numa das tendas que alberg deslocados escreveram, em swahil, qualquer coisa como: “Não se per guntem quem são. Eu sou soldado de Allah/Deus Jun – Duli”.Noutra deixaram uma inscrição mais ousada e de autêntico desafio às Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, da SADC e do Ruanda. “Não pensem que esses porcos que vos protegem hão-de vos ajudar. Mesmo esses da SADC e do Ruanda”. Matemo faz parte das Ilhas Quirimbas a cerca de 90 km a norte de Pemba e alberga pelo menos 1000 famílias deslocadas pelo conflito em Cabo Delgado. Relata-se que um dos mortos era um deslocado de Quiterajo. A região ao redor sofreu recentemente uma onda severa de ataques, incluindo um ataque na ilha de Quilhaule, 30 km ao sul de Matemo, a 13 de Janeiro. (Redacção/Zitamar)