Resumo Semanal: Cabo Ligado 09-15 de Maio de 2022

Após uma vaga de atividades violentas nas duas semanas anteriores, os insurgentes voltaram a retirar-se para as suas bases nas matas, aparecendo ocasionalmente em busca de alimentos. Na semana passada foram reportados múltiplos incidentes de busca de alimentos – e os insurgentes parecem estar a libertar reféns para reduzir o número de pessoas que têm de alimentar, embora alguns reféns ainda sirvam para ajudar a garantir o abastecimento alimentar.
19 Maio, 2022

Após uma vaga de atividades violentas nas duas semanas anteriores, os insurgentes voltaram a retirar-se para as suas bases nas matas, aparecendo ocasionalmente em busca de alimentos. Na semana passada foram reportados múltiplos incidentes de busca de alimentos – e os insurgentes parecem estar a libertar reféns para reduzir o número de pessoas que têm de alimentar, embora alguns reféns ainda sirvam para ajudar a garantir o abastecimento alimentar.

A 10 de Maio, insurgentes invadiram a vila de Nova Família, no distrito de Nangade, roubando sacos de mandioca seca e outros alimentos, sem que houvesse qualquer registo de vítimas civis, de acordo com um relato de um consultor de segurança. Embora este relato ainda não tenha sido corroborado, uma fonte local relata que os insurgentes atualmente não parecem estar interessados em matar e estão apenas a lançar ataques para obter alimentos para sobreviver. A fonte especula que muitos insurgentes procuram regressar às suas aldeias e render-se-iam se houvesse uma amnistia e garantias de não represálias.

Desde então, dois outros incidentes foram relatados, que estão fora do intervalo de datas deste relatório, mas que indicam mais libertações de reféns, e a fome como uma questão dominante. Os incidentes serão abordados na edição da próxima semana deste relatório.

Outros relatos surgiram do ataque à vila de Olumbe, em Palma, a 6 de Maio, que também teve como alvo alimentos. Fontes inicialmente reportaram que 20 insurgentes e três membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) foram mortos no confronto subsequente, mas outras fontes rejeitaram a alegação de que houve quaisquer baixas. Fontes das FDS, que teriam interesse em reivindicar crédito pela morte de 20 insurgentes, não comentaram o incidente, aumentando as dúvidas sobre a versão inicial do incidente. 

As forças de segurança estão a mobilizar-se para tirar partido da fraqueza dos insurgentes. Um grupo de 12 insurgentes foi detido a 13 de Maio, quando tentava atravessar o rio Rovuma numa canoa, segundo uma fonte local. Foram detidos à chegada à Tanzânia e regressaram à Mueda pela Ponte da Unidade. Segundo a mesma fonte, as tropas tanzanianas detiveram mais 17 insurgentes a 16 de Maio. Esta notícia será bem recebida em Nangade, onde as tropas da Missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM) do Lesoto e da Tanzânia têm sido alvo de críticas persistentes por não perseguirem de forma pró ativa os insurgentes. A observação foi feita recentemente pelo Comandante da Força SAMIM, Major General Xolani Mankanyi, ao visitar Nangade no início de Maio.  

As operações continuam no distrito de Macomia. De acordo com fontes da Cabo Ligado, cerca de 350 membros das Forças de Defesa do Ruanda (RDF) foram destacados desde 31 de Março para a área da Reserva Florestal de Catupa, uma área de 250 quilómetros quadrados a leste de Chai em Macomia. O destacamento foi confirmado pelo Ministério da Defesa do Ruanda. Fontes informaram ao Cabo Ligado no início de Abril de um destacamento entre as aldeias de Mucojo e Quiterajo. Em meados de Abril, fontes falaram sobre patrulhas diárias das forças ruandesas em torno de Chai, Quiterajo, e Mucojo, bem como de um recolher obrigatório nocturno na vila de Macomia. 

Fontes dizem que o destacamento veio a pedido das autoridades moçambicanas e faz parte de um movimento mais amplo para que as forças ruandesas reforcem as operações de segurança fora das suas Áreas de Responsabilidade (AOR). As forças da SAMIM, fomos informados, não fazem parte da operação, embora isso se enquadre na sua AOR, apesar das autoridades ruandesas as descrevam como operações conjuntas.

A zona de Catupa apresenta terreno muito difícil para operações de contrainsurgência, com floresta densa e múltiplos barrancos e ravinas íngremes. Foram relatados confrontos ferozes entre insurgentes e “forças aliadas” na floresta a 28 de Abril. Outra fonte de segurança relatou confrontos a 27 de Abril, com relatos não confirmados de fatalidades entre as RDF. Seja qual for a verdade, ao longo de seis semanas nesta ofensiva, há uma sensação de que a RDF considerou esta operação particularmente desafiadora e não conseguiu obter o tipo de ganhos rápidos experimentados em outros lugares nos meses anteriores. O Ministério da Defesa do Ruanda não fez quaisquer reivindicações de sucesso contra os insurgentes, embora atribua às operações o regresso dos deslocados na área a Awasse, Diaca e Mocímboa da Praia.  


Este artigo é excerto do Cabo Ligado Semanal, uma colaboração do Zitamar News, MediaFax e ACLED.

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