Ronda Semanal do Cabo Ligado 13-19 de Março de 2023

A Exxon Mobil publicou um convite à apresentação de propostas no final da semana passada para que as empresas concebam e construam o seu projeto de liquefação de gás onshore  na península de Afungi, no mesmo local do projeto de gás natural liquefeito (GNL) operado pela TotalEnergies.
22 Março, 2023

Licitação da Exxon acrescenta peso ao provável reinício do GNL no segundo semestre do ano

A Exxon Mobil publicou um convite à apresentação de propostas no final da semana passada para que as empresas concebam e construam o seu projeto de liquefação de gás onshore  na península de Afungi, no mesmo local do projeto de gás natural liquefeito (GNL) operado pela TotalEnergies. A multinacional americana sempre disse que esperará que o projeto da TotalEnergies retome em operação antes de o fazer, pelo que este movimento é mais um indicador de que a TotalEnergies está a dizer aos seus parceiros, se não ao público, que decidiu voltar para trabalhar no segundo semestre deste ano.

O convite à apresentação de propostas sugere um desenho de projeto bastante diferente, baseado em unidades modulares mais pequenas, do que o previsto no plano de desenvolvimento que o governo aprovou em 2019, pelo que a ExxonMobil e os seus parceiros no Mozambique Rovuma Venture terão de apresentar um novo plano de desenvolvimento para aprovação do governo. Todas as partes– a Exxon e seu consórcio, a TotalEnergies e o governo – provavelmente desejam que esse processo seja concluído e espanado antes que a presidência mude de mãos em Outubro de 2024.

Polícia enfrenta manifestantes pacíficos com brutalidade em Moçambique

Foram planeadas marchas populares em toas as capitais provinciais de Moçambique, e alguma outras cidades, para sábado, 18 de Março, em memória do rapper interventivo Edson da Luz, mais conhecido pelo seu nome artístico Azagaia. Em cada cidade, incluindo Pemba e Montepuez em Cabo Delgado, os organizadores informaram as autoridades municipais e a polícia, conforme necessário. Em Cabo Delgado, a polícia opôs-se, pelo que foram anuladas.

Em outras partes do país, no entanto, os manifestantes se reuniram na manhã de sábado – mas na maioria dos casos foram violentamente dispersos pela polícia antes que as marchas pudessem começar. Imagens amadoras em Maputo mostraram disparos aparentemente indiscriminados de gás lacrimogêneo e pelo menos uma pessoa sendo brutalmente espancada pela polícia. Um jovem perdeu um olho após ser atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo.

Em Nampula, um dos organizadores da marcha abortada, Gamito dos Santos Carlos, foi detido pela polícia e, segundo relato publicado na sua página do Facebook, levado, vendado, amarrado, espancado e torturado durante várias horas.

O comportamento da polícia levantou alarme internacionalmente, com a Anistia e o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas expressando preocupação. Mas internamente irá contribuir para níveis de desconfiança entre a polícia e a população, o que já complica o esforço de contra-insurgência em Cabo Delgado.

Apelo à libertação de detidos na Tanzânia

A principal organização não governamental (ONG) de direitos humanos da Tanzânia, o Centro Jurídico e de Direitos Humanos (LHRC) na semana passada pediu a libertação de seis membros de uma família que aguarda julgamento por acusações de terrorismo desde 2016. O LHRC também pediu um inquérito sobre a morte de outro membro da família sob custódia, Sheik Said Mohammed Ulatule. Ele tinha 96 anos.

O apelo foi feito em conjunto com Sheik Ponda Issa Ponda, um ativista de longa data da comunidade muçulmana. Preso por incitar o ódio religioso em 2012, ele tem, nos últimos anos, se tornado popular, colaborando com ONGs seculares e partidos políticos da oposição.

Forças Armadas de Moçambique destacam o mais recente avião militar para Cabo Delgado

As forças armadas moçambicanas são um dos primeiros clientes do novo avião polivalente Paramount Mwari, construído na África do Sul. A Paramount manteve a sua lista de clientes confidencial depois de anunciar em Setembro que as suas primeiras nove encomendas tinham sido feitas, mas na semana passada surgiram online fotografias do avião aparentemente num aeródromo em Cabo Delgado.

O Mwari possui capacidades de reconhecimento e ataque de precisão, tornando-o um dos equipamentos mais sofisticados usados no conflito até agora.

A Flight International informou que o primeiro Mwari foi entregue em Dezembro de 2022, com um segundo a chegar em Fevereiro. A Paramount forneceu previamente equipamentos aos militares moçambicanos, incluindo veículos blindados Marauder e helicópteros ligeiros Gazelle, bem como treino militar através da Burnham Global, sediada no Dubai, na qual detém uma participação.

Missionários detidos são libertados após quatro meses

Os missionários Ryan Koher, WJ du Plessis e Eric Dry foram libertados provisoriamente da prisão na semana passada, depois de terem sido detidos em Novembro do ano passado enquanto tentavam enviar pacotes de ajuda para um orfanato cristão em Balama, Cabo Delgado. A Mission Aviation Fellowship anunciou que seu piloto Koher, dos Estados Unidos, e os dois sul-africanos continuam proibidos de deixar o país enquanto o caso segue na Justiça.

Comunidade empresarial local queixa-se que os contratos de reconstrução estão indo para forasteiros

A comunidade empresarial local de Cabo Delgado tem-se queixado de ter sido excluído dos contratos de reconstrução das infraestruturas destruídas pelo conflito. Mamudo Irache, presidente do Conselho Empresarial de Cabo Delgado, disse ao jornal Notícias que os empresários locais esperavam que os esforços de reconstrução fossem uma oportunidade para eles se recuperarem depois de sofrerem perdas relacionadas ao conflito. Mas, em vez disso, as empresas locais não ganharam nenhum concurso, afirmou, dizendo que “mesmo para a reabilitação das casas de banho, estão a contratar empresas de fora de Cabo Delgado”, de acordo uma publicação da agência noticiosa estatal AIM. As empresas de Cabo Delgado, acrescentou, começam a acreditar que as agências envolvidas na reconstrução estão a trabalhar deliberadamente contra as empresas locais. Ele também reclamou que “agências internacionais” estão a fazer exigências excessivas de certificação de empresas locais, que, no entanto, continuam perdendo contratos.


Este artigo é excerto do Cabo Ligado Semanal, uma colaboração do Zitamar News, MediaFax e ACLED.

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