Ofensivas nas matas de Cabo Delgado

Terroristas relatam temor aos ruandeses
13 Fevereiro, 2022

Numa altura em que se começa a levantar questões relacionadas com a legalidade da sua criação e actuação no combate ao terrorismo e extremismo violento em Cabo Delgado, a chamada força local continua a conseguir colocar os grupos atacantes na defensiva em muitas zonas de Cabo Delgado, a exemplo das aldeias do distrito de Nangade, norte da província.

Com efeito, nos últimos dias, várias operações ofensivas foram protagonizadas pelos também designados “milicianos” das aldeias Muade, Mualela, Nhanga, Ntoli, Liche, Ntamba e Ngalonga. Das operações relata-se mais de dez terroristas mortos, parte dos quais só se conseguiu identificar através de túmulos descobertos dias depois dos confrontos tidos lugar nas aldeias Namuembe e Nambedo.

Houve, igualmente, um capturado. É este capturado que relatou aquilo que, em muitos momentos, se comenta em surdina. O temor profundo que os terroristas têm em relação à actuação das Forças de Defesa do Ruanda, uma realidade que pode resultar daquilo que parece ser a disciplina, bravura, tácticas operativas e preparação dos militares e polícias enviados por Paul Kagamé, em apoio às Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, no combate ao terrorismo.

O relato do medo em relação à tropa ruandesa foi confirmado pelo capturado. Questionado pelos milicianos que o capturaram numa das aldeias de Nangade, o terrorista disse que o seu grupo tinha bases no raio Palma – Mocímboa da Praia. Porque esse raio está sob responsabilidade e actuação dos ruandeses, o terrorista deu a conhecer que os grupos dos quais fazia parte não conseguiram resistir e seguiram em direcção à Nangade, à busca de refúgio.

“Éramos 25 pessoas, que saímos da base à procura de comida. A nossa base está muito perto de Nangade” – terá assim dito o terrorista, citado por uma fonte local que abordou o assunto com o mediaFAX.

“Estávamos na zona de Palma e Mocímboa [da Praia]. Estamos a fugir ruandeses, mas aqui [Nangade] vá que não vá. Porque os únicos considerados ruandeses são milicianos de Ngalonga [comparação com a operatividade das FDS e das forças da SAMIM] que, no mês passado, nos bateram seis [terroristas mortos].

“Hoje, são treze. Há fúria [de milicianos] de verdade” – terá assim relatado o terrorista capturado numa das aldeias que mereceu ofensiva da força local de sete aldeias do distrito de Nangade, norte de Cabo Delgado, que decidiram unir esforços.

O terrorista terá, igualmente, sido questionado sobre as razões que fazem com que eles tentem resistir diante de relatos de intenso fogo vindo das ofensivas das forças conjuntas e combinadas, integrando as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, Ruanda e da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

A resposta, segundo a fonte do mediaFAX, foi de que “muitos de nós não sabemos onde ir”. Ele apontou ainda que a maioria das estruturas de chefia não tem nacionalidade moçambicana, o que reforça o discurso governamental da necessidade de união de esforços regionais e mundiais para debelar um problema importado. Ou seja, que não é só obra de moçambicanos descontentes, mas sim protagonizado por uma miscelânea de pessoas de nacionalidades diferentes. O capturado disse ter reconhecido, em várias bases, a predominância tanzaniana no comando e estruturas de chefia.

Depois de dados importantes recolhidos a partir do capturado, relata-se perseguição que terá culminado com o abate de outros terroristas nas matas de Nangade.

Por aquilo que consideram “decisão para lutar por sua terra”, os milicianos dizem-se prontos e determinados, mas pedem mais apoios às autoridades governamentais.

O que consideram armas sofisticadas e de guerra [essencialmente, as famosas metralhadoras Kalashnikovs] corresponde ao grande pedido dos milicianos. Actualmente, eles usam as chamadas carabinas, bastante usadas para actividade recreativa e desportiva. Apenas um e outro miliciano tem acesso a uma kalashnikov. (Redacção)

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