Resenha Semanal : 16-22 de Janeiro 2023 — Cabo Ligado

A TotalEnergies está a financiar a recuperação das infra-estruturas de transmissão da Rádio Moçambique em Palma e Mocímboa da Praia – o que significa que a emissora estatal pode voltar a falar directamente para as pessoas daqueles distritos.
25 Janeiro, 2023

TotalEnergies financia o retorno da Rádio Moçambique a Palma e Mocímboa da Praia

A TotalEnergies está a financiar a recuperação das infra-estruturas de transmissão da Rádio Moçambique em Palma e Mocímboa da Praia – o que significa que a emissora estatal pode voltar a falar directamente para as pessoas daqueles distritos. Os repetidores de sinal foram vandalizados em ataques insurgentes às vilas de Palma e Mocímboa da Praia, segundo o Presidente do Conselho de Administração da Rádio Moçambique, Abdul Naguibo, que visitou Palma para ver o andamento do projecto.

Naguibo disse que o envolvimento da Rádio Moçambique nestes distritos não se limitaria apenas à transmissão de programas, mas também engajaria locais a produzirem programas que seriam transmitidos em todo o país.

Para o efeito, a Rádio Moçambique tem estado a divulgar uma enxurrada de notícias de Palma nos últimos dias, incluindo uma sobre reclamações dos locais sobre a falta de infra-estruturas bancárias (ver abaixo), e a necessidade de reabertura do posto fronteiriço de Namoto para permitir o comércio com a Tanzânia. O Administrador Distrital de Palma, João Buchili, disse que cabe às Forças de Defesa e Segurança decidir se e quando a fronteira poderia ser aberta.

A Rádio Moçambique é um instrumento de propaganda fundamental para o governo de Moçambique, em particular para fomentar um senso de unidade nacional, algo que não é necessariamente natural para todo o país. É particularmente importante no extremo nordeste do país, o ponto mais distante de Moçambique da capital Maputo, e onde é claro que a autoridade do estado está sendo desafiada pela insurgência.

Ausência de bancos é uma preocupação constante

Atrasos no restabelecimento dos serviços bancários preocupam a população do norte de Cabo Delgado. Em Palma, o regresso gradual da população está a potenciar a atividade empresarial, com várias lojas reabertas, ruas movimentadas de gente e atividades comerciais, e até mesmo o mercado de peixe em pleno funcionamento. No entanto, o florescimento da economia de Palma não está sendo seguido pelo retorno dos serviços bancários – o banco mais próximo de Palma fica em Quitunda, 24 km ao sul. Esta foi uma das questões levantadas pela população local ao administrador de Palma, João Buchili, alegando que não têm onde guardar as suas economias.

A ausência de serviços bancários também está a comprometer a situação dos pensionistas no distrito de Nangade. Isto porque foram feitas mudanças na forma como as pensões são pagas aos veteranos de guerra, que agora são pagas por transferência bancária ao invés de dinheiro. Em Nangade, o único banco esteve fechado durante grande parte do conflito e os habitantes locais têm de se deslocar até Mueda para aceder a um banco. Isso pode minar os esforços de contrainsurgência, já que muitos dos veteranos de guerra que fazem parte das Forças Locais terão que abandonar as suas armas para regularizar as suas contas bancárias em Mueda.

Soldados moçambicanos criam pânico em Mocímboa da Praia

Em Mocímboa da Praia, uma pessoa foi morta quando soldados moçambicanos bêbados começaram a disparar descontroladamente no bairro majoritariamente Makonde de 30 de Junho, segundo uma fonte local. A falta de disciplina é um problema crónico entre as forças de segurança moçambicanas. Em junho do ano passado, a ministra do Interior, Arsénia Massingue, disse que elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da polícia costumavam embriagar-se e abandonar as suas posições em vez de lutar. Tais incidentes continuam a minar a confiança nas forças do governo.

Regresso espontâneo a Mucojo

Os deslocados que se refugiaram na sede distrital de Macomia estão a regressar às suas casas nos arredores de Mucojo, zona leste do distrito, devido em parte à falta de alimentos e à necessidade de cuidar das suas terras, de acordo com uma fonte. A escassez de ajuda alimentar é um problema de longa data em Cabo Delgado, mas os suprimentos são particularmente escassos em Macomia, onde em alguns acampamentos apenas 50 das 300 pessoas recebem pacotes de ajuda, afirmou a fonte. As pessoas agora estão trabalhando nas aldeias costeiras abandonadas de Pangane, Crimize e Nambo, principalmente na pesca. Esses retornos não foram autorizados pelo governo ou pelos militares.

Primeiro-ministro do Lesoto visita Cabo Delgado

O primeiro-ministro do Lesoto, Sam Matekane, visitou as forças do seu país durante o fim-de-semana no distrito de Nangade, onde estão a servir nas operações da SAMIM em Moçambique. O secretário permanente de Nangade, José Njaz, agradeceu a visita de Matekane e o trabalho das tropas do Lesoto, que se encontram ao lado das forças tanzanianas no distrito. Embora um contingente muito menor do que o TPDF, as autoridades locais estão mais satisfeitas com o seu desempenho, de acordo com fontes do distrito.


Este artigo é excerto do Cabo Ligado Semanal, uma colaboração do Zitamar News, MediaFax e ACLED.

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