Novos ataques e nova onda de deslocados em Mocímboa da Praia

Depois de Naquitengue, onde os terroristas decapitaram, pelo menos 12 pessoas, entre 27 e 28 atacaram as aldeias Calungo e Marere, ambas no distrito de Mocímboa da Praia.
3 Outubro, 2023

Os ataques que tiveram lugar nos últimos dias em aldeias de Mocímboa da Praia, um dos distritos mais martirizados pela violência armada que tem há exactos seis anos, voltou a levar centenas de civis a fazerem o percurso de volta até à vila sede distrital à busca de segurança. Depois de Naquitengue, onde os terroristas decapitaram, pelo menos 12 pessoas, entre 27 e 28 atacaram as aldeias Calungo e Marere, ambas no distrito de Mocímboa da Praia, segundo deram a conhecer, ao mediaFAX, fontes locais.

Em resultado, a população que tentava reconstruir a vida nestas três aldeias e outras circunvizinhas continua a chegar à vila distrital de Mocímboa da Praia, relatando episódios de terror e medo. À chegada, os deslocados têm recebido mensagens de encorajamento para continuarem nas aldeias, sob alegação de que os terroristas estão simplesmente em fuga por conta da perseguição que está sendo levada a cabo pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e forças amigas do Ruanda e da região.

Entretanto, o medo no seio da população civil voltou a estar instalado, realidade que faz com que ninguém, por enquanto, acate o apelo de permanecer nas aldeias onde estão a ser vistos movimentos terroristas. Aliás, a actual situação faz com que os residentes permanentes da vila de Mocímboa da Praia também reactivem o medo sobre possível incursão dos atacantes à sede distrital.

Além destas aldeias, os canais de propaganda do Estado Islâmico relataram confrontação entre os terroristas e as Forças de Defesa e Segurança na região de Limala, também no distrito de Mocímboa da Praia.

Em relação a vítimas mortais das últimas incursões em Marere e Calungo, os dados a que tivemos não são ainda conclusivos. Umas fontes falam de pessoas mortas em Marere, mas outras não.

A informação que de várias fontes converge é a que sugere que o grupo poderia estar mesmo em fuga de outras regiões que têm estado a acolher operações das Forças de Defesa e Segurança. Em Calungo, de acordo com fonte, eles tentaram reunir as pessoas, alegadamente para apelar que não fugissem porque mal nenhum fariam. Entretanto, porque a presença do bando tinha já sido apercebida, a população estava já em fuga.

À sede distrital estão, igualmente, civis das aldeias Ulo e Luxete, também relatando presença terrorista nas suas aldeias. Aliás, à chegada, alguns populares de Ulo descrevem uma reunião que os terroristas terão realizado, exigindo que abandonem a aldeia e se dirijam à vila distrital.

Macomia também com muitos deslocados

A realidade que agora se vive em Mocímboa da Praia também se vive na sede de Macomia. Neste distrito, a realidade começou a observar há mais tempo, ou seja, logo que os grupos terroristas, que tanto circulam em Quiterajo, Mucojo e Chai, iniciaram acções de assassinato a civis.

São muitas as pessoas que regressaram à vila de Macomia, saindo particularmente da aldeia Pangane. E algumas pessoas continuam a chegar à vila, local em que para sobreviver dependem quase exclusivamente de apoio humanitário.

Contudo, muito por força das dificuldades da dependência de ajuda alimentar na sede distrital de Macomia, há, igualmente, indicações de algumas pessoas estarem a fazer o sentido inverso, ou seja, a deslocar-se para Pangane, uma zona com forte actividade piscatória.

Texto co-produzido com a Zitamar News no âmbito do Project Cabo Ligado, em parceria com a ACLED

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