Insurgentes matam três soldados e Daesh declara Moçambique “província”

É mais uma exibição de musculatura pelo inimigo que, desde Outubro de 2017, aterroriza o norte de Moçambique
11 Maio, 2022

É mais uma exibição de musculatura pelo inimigo que, desde Outubro de 2017, aterroriza o norte de Moçambique. Numa publicação datada de 9 de Maio, última segunda-feira, o Estado Islâmico (EI) reivindica a morte, pelos insurgentes, de três soldados, em Macomia, numa publicação em que a organização declara, ainda, Moçambique como sua própria “wilayah”, ou seja, província. De acordo com o EI, também conhecido como ISIS ou Daesh, o ataque, em Macomia, ocorreu no dia 7 de Maio, último sábado, em Quiterajo, parte costeira do distrito.

Naquela que foi a sua décima reivindicação de um ataque a um posto militar, em Moçambique, o ISIS diz ter morto três soldados. De acordo com a publicação divulgada esta terça-feira, 10, os insurgentes atacaram e invadiram uma posição militar à noite.

A organização anota que, durante o ataque, três soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), foram mortos em acção, todos decapita- dos. “O comandante local das forcas de segurança do Governo foi capturado e seu corpo decapitado foi posteriormente recuperado”, lê-se na publicação. Outros dois soldados terão ficado feridos.

Além de soldados mortos e feridos, também foi reivindicada a apreensão de armas e munições e a destruição de quartéis militares.

“Em Moçambique, durante um ataque de militantes do Estado Islâmico a uma posição do exército em Macomia, três soldados foram mortos, um quartel foi incendiado e armas com munições

foram apreendidas”, refere a organização terrorista internacional.
É a primeira vez, desde 04 de Junho de 2019, data da sua primeira reivindi- cação oficial de um ataque, no país, que o Daesh faz uma reclamação em nome de ‘Wilayah Mozambiq’, ou província de Moçambique. Desde que começou a reivindicar os ataques, em Moçambique, a organização sempre o fez em nome da pro- víncia da África Central do EI (ISCAP).

Além disso, esta é a primeira recla- mação de um ataque do EI na província de Cabo Delgado desde o ataque de 16 a 18 de Março à Ilha de Matemo, distrito do Ibo.

Demonstração de força

Seja como for, o ataque do último final de semana confirma a prevalência da instabilidade no norte de Moçambique. Contrariamente aos anúncios oficiais dando conta da normalização da situação, em Cabo Delgado, o MediaFAX, que tem estado a monitorar o curso do conflito, está em condições de afirmar que a instabili- dade continua, no terreno, mesmo com a presença de tropas estrangeiras.

Aliás, um dia antes de atacarem Quiterajo, os insurgentes atacavam, na sexta-feira, 09, o Posto Administrativo de Olumbi, no distrito de Palma, co- locando em causa o mito da empene-tratabilidade do inimigo nas áreas sob a égide das tropas ruandesas. Aliás, em Macomia, onde o inimigo matou três pessoas, feriu outras duas e apoderou-se de armamento, as tropas moçambicanas e da África do Sul receberam, recente- mente, reforços de tropas ruandesas.

Em Olumbi, não há registo de ví- timas mortais, mas o inimigo saqueou bens nas barracas e obrigou as pessoas a pernoitarem nas matas.

O mediaFAX também sabe que os insurgentes continuam a passear a classe, em Nangade, mesmo com a presença das tropas da SAMIM, concretamente o Lesotho e a Tanzânia. Nos últimos dias, o Ruanda terá feito uma operação pontual de perseguição do inimigo, em Nangade.

A prevalência dos ataques, em Cabo Delgado, é um teste às versões oficiais que dão conta de normalização da situação de segurança no norte de Moçambique.Na quarta-feira da semana passada, o ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, garantiu que a situação estava controlada, estando a evoluir, positivamente, dia após dia.

Um dia depois, era o próprio pre- sidente da República e comandante-em- -chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) a assegurar que a situação estava a melhorar, mercê do trabalho conjunto que conta com apoio do Ruanda e dos efectivos da SAMIM [como é designada, em ingles, a Missão Militar da SADC], que têm desencadeado operações ofen- sivas de grande envergadura, permitindo destruir bases e recuperar zonas ocupadas pelo inimigo.(Armando Nhantumbo)

Texto co-produzido com a Zitamar News, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED

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