Governador de Cabo Delgado desaconselha retorno imediato a Mucojo

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20 Setembro, 2024

Saudações! Seja bem-vindo à edição de "A Voz de Cabo Delgado" para 20 de Setembro de 2024. "A Voz de Cabo Delgado" é um espaço noticioso produzido pela Plural Mídia.

Os destaques desta semana:

🔸 Governador de Cabo Delgado desaconselha retorno imediato a Mucojo

🔸 Condenados 17 indivíduos por crimes de terrorismo

🔸 Órgãos eleitorais garantem que as eleições irão decorrer em toda província de Cabo Delgado.


O Governador da Província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, disse que desaconselha a reocupação de Mucojo, em Macomia, pela população, apesar de avanços na estabilização da área.

O governante falou à Zumbo FM durante uma sessão do Conselho Executivo Provincial, onde explicou que, embora a situação em Mucojo esteja a melhorar, é preciso que o retorno dos residentes seja feito de forma gradual e segura.

Valige Tauabo justificou que ainda está sendo criado um bom ambiente na região através de actividades das Forças de Defesa e Segurança e das ações conjuntas de Ruanda e da Força Local, que incluem uma limpeza geral para garantir que não haja explosivos escondidos que podem representar um risco para civis.


Nos primeiros 9 meses deste ano, 17 indivíduos foram condenados em Cabo Delgado por crimes relacionados com o terrorismo. As mais recentes condenações estão ligadas ao financiamento de grupos armados no norte de Moçambique.
A informação foi avançada pela emissora alemã DW, que explica que dois indivíduos recentemente condenados juntam-se a outros 15 que já estão a cumprir penas de prisão.

O jornalista Aunício da Silva, do jornal Ikweli, considera que as condenações demonstram bom desempenho das autoridades na luta contra os financiadores do terrorismo. A mesma ideia é partilhada pelo activista social Abudo Gafuro Manana baseado na cidade de Pemba.


O vogal da Comissão Nacional de Eleições em Cabo Delgado, José Sabe, garante que as eleições gerais, marcadas para 9 de outubro de 2024, acontecerão em todas as regiões, incluindo aquelas mais afectadas pelo extremismo violento.

José Sabe disse numa conferência de imprensa na cidade de Pemba que há condições, justificando que os órgãos eleitorais não foram notificados de nenhuma impossibilidade para a realização das eleições nas zonas de conflito.

Em Cabo Delgado, alguns ataques esporádicos ainda acontecem nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga e Muidumbe.

Na Voz de Cabo Delgado, temos falado do Projecto de Paz e Estabilidade, que está a ser implementado na província.

Nesta edição, trazemos algumas actualizações sobre o que o Projecto tem estado a fazer para melhor compreender o conflito.

Rufino Alexandre, do Projecto de Paz e Estabilidade, tem recolhido informações importantes que ajudam a compreender as causas do conflito e como podemos encontrar soluções duradouras. No seu último relatório, Rufino concentrou-se em compreender porque é que alguns jovens estão a juntar-se aos insurgentes e, mais importante, porque é que alguns estão a optar por sair. Esse conhecimento poderá ajudar a reconstruir uma sociedade pacífica e unida.

Como parte do Projecto de Paz e Estabilidade, Rufino apresentou os seus resultados a organizações e países que ajudam Moçambique, para que esses apoios sejam adequados às necessidades de Cabo Delgado.
Rufino apresentou algumas observações e lições:

Primeiro, os insurgentes usam frequentemente a promessa de emprego para atrair os jovens a se juntarem ao seu grupo. Mas esses supostos “empregos” são uma armadilha. Rufino diz que é importante fazer algumas perguntas antes de aceitar ofertas de emprego. Quem está a oferecer o emprego? O que é que os empregos implicam? E onde é que o trabalho vai ser feito? Nenhum trabalho a sério paga antes de o trabalho ser feito! Se algo parecer suspeito, seja cauteloso - proteja-se a si e à sua família de serem enganados e levados à violência.

Outro facto que Rufino descobriu é a utilização de crianças na luta dos insurgentes. Muitos rapazes e raparigas foram capturados e forçados a cometer actos de violência.
Temos de nos unir para proteger as nossas crianças de pararem nas mãos dos insurgentes. Pais, membros da comunidade e líderes religiosos - o nosso papel na protecção é mais importante do que nunca.

Rufino recorda-nos que as próprias comunidades são as primeiras na linha de defesa. Quando os jovens, os pais e os líderes trabalham em conjunto, podemos evitar o recrutamento para a insurgência. Ao dizermos “não” ao extremismo violento, estamos a dizer “sim” a um futuro mais seguro para as nossas famílias.

A investigação de Rufino também questiona se a violência dos insurgentes vai contra as crenças religiosas, que tendem a defender a paz e a harmonia. Talvez aqueles que promovem a violência não estejam a representar a religião, mas sim a tentar destruir lares e as comunidades. O extremismo violento destruiu escolas, deixou crianças órfãs e submeteu mulheres a situações horríveis. Mas, juntos, podemos nos opor a isto. Quem nos convida a juntarmo-nos a eles na violência não é nosso amigo.

Tivemos a oportunidade de falar com Rufino sobre a forma como as suas descobertas se enquadram nos objectivos do Projecto Paz e Estabilidade.

RM RUFINO ALEXANDRE

Estive há pouco tempo a partilhar os resultados de pesquisa de um relatório sobre o norte de Moçambique, em particular a província de Cabo Delgado. Este relatório tem uma contribuição muito importante para o Projeto de Paz e Estabilidade, porque incide sobre os factores de conflito.

O estudo analisa a situação dos jovens e em que circunstâncias se envolvem e saem dos grupos insurgentes. A partir desta análise é possível saber mais ou menos como intervir, de modo a evitar que mais jovens sejam levados e terminem no grupo de violência.

O trabalho de Rufino e do Projecto de Paz e Estabilidade está a ajudar as comunidades em Cabo Delgado, oferecendo conhecimentos para que os jovens se protejam da manipulação dos insurgentes.

RM RUFINO ALEXANDRE

Eu penso que o mais importante é continuar a trabalhar com jovens, a trabalhar sobre a situação dos jovens, e pensar que não se trata só de jovens muçulmanos ou jovens cristãos, é preciso olhar para os jovens em Cabo Delgado como pessoas, e na zona norte de forma geral, como pessoas que precisam de apoio para cumprir seus objectivos de vida, para que que nenhum se aproveite da sua vulnerabilidade, se aproveite da sua pobreza, se aproveite da sua carência por empregos para os seduzirem a juntarem-se a objectivos ou agendas de violência.

O Projecto de Paz e Estabilidade quer garantir que a voz da população é ouvida e que as soluções venham das próprias comunidades. É por isso que o Projecto para a Paz e a Estabilidade é tão importante.

O trabalho de Rufino Alexandre e do Projecto de Paz e Estabilidade fala das causas da violência em Cabo Delgado, mas também mostra o caminho para a paz.

Todos podemos desempenhar um papel na protecção das nossas comunidades e garantir a estabilidade em Cabo Delgado.

Este foi um segmento do Projecto de Paz e Estabilidade, liderado pelas comunidades e centrado em mudanças reais.

Chegamos ao fim desta edição da Voz de Cabo Delgado. Mantenha-se actualizado sobre a província de Cabo Delgado, através das nossas páginas de Facebook, Telegram e qualquer aplicativo de Podcasts.
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