Cabo Ligado Update: 27 de Janeiro - 9 de Fevereiro de 2025

A violência política na província de Cabo Delgado foi caracterizada por ações do EIM que visaram predominantemente civis. Embora permanecendo ativo na costa e no território em torno do rio Messalo, o grupo também empreendeu ataques a sudoeste, nos distritos de Meluco e Montepuez. Para além de Cabo Delgado, registaram-se outros confrontos entre a milícia Naparama e as forças do Estado nas províncias de Nampula e Zambézia.
13 Fevereiro, 2025

Em números

-Principais dados na província de Cabo Delgado (27 de Janeiro - 09 de Fevereirode 2025)

- Pelo menos 5 eventos de violência política (2.014 no total desde 1 de Outubro de 2017)
- Pelo menos 6 fatalidades relatadas de violência política (5.927 desde 1 de Outubro de 2017)
- Pelo menos 6 fatalidades civis relatadas (2.473 desde 1 de Outubro de 2017)

O Estado Islâmico de Moçambique (EIM) continuou a atacar as comunidades situadas na estrada N380 ou nas suas proximidades, nos distritos de Macomia e Mocímboa da Praia. O grupo também esteve ativo nos distritos de Meluco e Montepuez, na sequência da deslocação de alguns combatentes de Macomia para esses distritos nas últimas semanas. Em todos os casos, não se registou qualquer resposta por parte das forças do Estado, moçambicanas ou ruandesas. Isto contrasta com a resposta na província de Nampula, onde a polícia respondeu a uma ação da milícia Naparama, matando pelo menos sete pessoas. A diminuição do envolvimento das forças do Estado com o EIM aumenta os riscos enfrentados pelas comunidades rurais e pode ameaçar as relações entre as comunidades e a Força de Defesa do Ruanda (RDF) em particular.

Estrada N380 na mira do EI

Insurgentes raptaram cerca de 10 pessoas, incluindo crianças, na aldeia de Quinto Congresso, em Macomia, na N380, a 2 de Fevereiro, noticiou a Lusa. A 6 de Fevereiro, os insurgentes atacaram a aldeia de Litandacua, matando pelo menos dois civis e permanecendo na área por dois dias, apesar da presença de um posto avançado das RDF a menos de 10 quilómetros de distância, na aldeia de Litamanda. No dia 8 de Fevereiro, insurgentes atacaram a aldeia de Chai, ao sul de Litamanda na N380, mas não houve registo de vítimas.

Na costa de Macomia, cerca de 50 insurgentes continuam presentes em Mucojo e Pangane, onde Carta de Moçambique relata que os combatentes falam e compram comida aos habitantes locais à noite, depois de as patrulhas das forças de segurança terem passado.

Pelo menos quatro mortos em ataque insurgente em Meluco e Montepuez

Insurgentes decapitaram pelo menos três garimpeiros artesanais de ouro em torno de Ravia, no distrito de Meluco, a 26 de Janeiro, relataram fontes locais. O Estado Islâmico (EI) alegou ter matado cinco, numa declaração publicada nas redes sociais que não forneceu nenhuma evidência visual. Mais de 90 pessoas das aldeias vizinhas de Namoro e Nairoto fugiram para a cidade de Montepuez. Uma fonte informou que os insurgentes foram vistos a transportar alimentos saqueados para o mato num trator roubado.

A 3 de Fevereiro, os insurrectos voltaram a atacar na aldeia de Nicocue, na estrada R698 que liga a cidade de Montepuez a Mueda, tendo o EI afirmado ter morto uma pessoa e queimado um veículo e uma casa.  A R698 é a principal via alternativa à N380. Atacar estas duas estradas em simultâneo pode ser uma manobra estratégica para interferir com o transporte entre o norte e o sul de Cabo Delgado. Cerca de 40 insurgentes foram vistos a atravessar para Meluco a partir de Macomia a 18 de Janeiro.

Actividade insurgente continua em Mocímboa da Praia

Foi registada a presença insurgente na ilha de Quilhanhune a 29 de Janeiro, e dois dias depois, raptaram um grupo de pescadores e levaram-nos para a ilha de Tambuzi, exigindo um resgate de 10.000 meticais, de acordo com uma fonte local. Os insurgentes também roubaram alimentos dos barcos de pesca capturados.

No dia 2 de Fevereiro, os insurgentes atacaram uma posição avançada das FADM na aldeia de Mitope, a pouco menos de 15 km da vila sede de Mocímboa da Praia, onde as RDF estão sediadas. De acordo com fotografias publicadas pelo EI, os insurgentes apoderaram-se de espingardas de assalto, metralhadoras ligeiras, granadas propelidas por foguete e uma quantidade considerável de munição, bem como botas e equipamentos de comunicação. O EI também afirmou que os insurgentes queimaram cerca de 20 casas e lojas na aldeia.

Confrontos entre Naparama e forças de segurança tornam-se fatais

As tensões entre as forças de segurança e a milícia Naparama continuam a aumentar e, no dia 2 de Fevereiro, supostos membros da milícia decapitaram um secretário de bairro na vila de Morrumbala, na província da Zambézia. O Mediafax informou que a vítima foi morta como vingança por supostamente colaborar com as forças de segurança na repressão de protestos pós-eleitorais. Dois Naparama foram mortos a tiros numa troca de tiros subsequente com a polícia, de acordo com a Lusa. O governador da Zambézia, Pio Matos, condenou à decapitação como um "ato bárbaro", enquanto o presidente do município de Quelimane – da Renamo, Manuel de Araújo, culpou a polícia por "perseguir" civis, forçando-os a "acabarem por se proteger".

Três dias depois, sete supostos membros da milícia Naparama foram mortos num confronto com a polícia na aldeia de Aube, perto da cidade de Angoche, na província de Nampula, informou o site Ikweli . A Carta de Moçambique noticiou que os Naparama estavam a protestar contra o custo de vida e que um membro da Unidade de Intervenção Rápida da polícia foi ferido na troca de tiros.

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