Analistas consideram que construção de infraestruturas pela força de Ruanda fere soberania moçambicana

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6 Setembro, 2024

Saudações! Seja bem-vindo à edição d’A Voz de Cabo Delgado para 06 de Setembro de 2024. Este é um espaço de notícias produzido pela Plural Media, em parceria com o Projecto de Paz e Estabilidade no Norte de Moçambique.

Para já os destaques:

🔸 Analistas consideram que construção de infraestruturas pela força de Ruanda fere soberania moçambicana.

🔸Transportadores que usam a estrada EN 380 em Cabo Delgado dizem-se inseguros.

🔸Desconhecidos queimam casas em dois distritos de Cabo Delgado


A força militar do Ruanda, que auxilia as tropas moçambicanas na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, construiu uma escola na comunidade de Namalala, em Mocímboa da Praia, que foi inaugurada na segunda-feira, dia 2 de Setembro, e analistas fazem duras críticas ao Governo.

Segundo a Voz da América, a escola, que terá 500 alunos do ensino primário, foi inaugurada pelo comandante da força ruandesa em Cabo Delgado, Alex Kagame, que disse que a construção é parte das acções filantrópicas do seu exército.

O governador da província de Cabo Delgado, Valigy Tauabo, afirmou que a construção ajuda a resolver o problema da falta de escolas na província, em parte por causa de ações terroristas.

De acordo com André Magibire, da Renamo, “Isso é hipotecar a soberania moçambicana’’, considerando que a culpa pela falta de salas de aulas é das autoridades moçambicanas, disse.

À VOA, o analista político Francisco Matsinhe, afirma que a obra representa “uma forma que os ruandeses encontraram para poderem perpetuar a sua presença em Moçambique’’.

O investigador João Feijó diz que construir uma escola é positivo, mas isso não resolve o conflito em Cabo Delgado, “porque são reivindicações políticas que estão ali, e neste caso, a própria comunidade internacional é a primeira a incentivar o Estado moçambicano a prolongar a solução militar’’.

Feijó afirma que os soldados estrangeiros que foram colocados no terreno estão, sobretudo, a proteger as zonas de grande investimento económico, precisamente na área do gás e não propriamente a proteger a população.


Os transportadores que usam a estrada EN 380 para chegar aos distritos do norte de Cabo Delgado relataram estar em pânico por causa dos explosivos artesanais colocados por terroristas ao longo da rodovia, considerando que coloca em risco o transporte de mercadorias e a vida de quem depende dessa rota.

"Cada viagem virou um jogo. Não sabemos se voltaremos para casa. As explosões podem acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar”, disse João Vitolo, um transportador que usa essa rota regularmente em entrevista à Zumbo FM.

A insegurança afecta a economia local, segundo um agente económico: “As entregas estão sendo adiadas ou canceladas, prejudicando nossos negócios e a população que depende desses produtos essenciais”, disse Manuel Dimongo, proprietário de uma pequena frota de camiões.


Indivíduos desconhecidos queimaram seis casas na passada quinta-feira, dia 29 de Agosto, na sede da localidade Sambene, distrito de Mecufi, e outras duas no Domingo, 1 de Setembro, no bairro Meriha, distrito de Chiúre, a sul da província de Cabo Delgado. Não houve vítimas mortais.
Segundo a "Carta de Moçambique" , os incidentes ocorreram à noite e as famílias ainda não têm abrigo seguro, para além de que os autores não foram identificados.

Um familiar de uma das vítimas disse que a situação é preocupante e agravou as dificuldades dos deslocados acolhidos em casas de familiares e conhecidos.

De acordo com a “Carta”, a polícia ainda não se pronunciou sobre a ocorrência de incêndios nos distritos de Chiúre e Mecufi, mas uma fonte avançou que duas pessoas foram detidas por suspeita de queimar casas em Sambene.

Quanto aos casos de incêndio no distrito de Chiúre, as autoridades afirmam estar a trabalhar para identificar os autores.


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