Administrador tranquiliza, mas Kutua está às moscas
Entretanto, os relatos que chegam da região sugerem que Kutua está despovoada. “Toda” gente decidiu arrumar o que conseguiu e dirigir-se para aldeias vizinhas e para a sede distrital à busca de segurança depois de a sua aldeia ter entrado nas estatísticas de ataques terroristas.
Maior parte das pessoas foi-se confinar na sede do distrito, local no qual o administrador distrital, Manuel Manussa, dialogou com os novos deslocados, prometendo apoios “nos próximos dias”.
Mas, o mais importante, de acordo com o administrador é que “o governo está a trabalhar para regressarem”. Nesta segunda-feira, em contacto com o canal público de radiodifusão, Manuel Manussa voltou a garantir que as Forças de Defesa e Segurança estavam a trabalhar a todo o gás para, o mais urgente possível, clarificar de forma cabal a situação de segurança da zona atacada, assim como em outras regiões do distrito.
A ideia de que Kutua está às moscas, apesar da mensagem de tranquilidade, foi também confirmada implicitamente pelo administrador distrital quando justificou o abandono com o que chamou “medo generalizado” na zona.
“Um bairro inteiro. Mais um outro bairro onde eles estiveram. Diante disto, quem vai ficar ali? Ficam todos [população] eles afectados. Mesmo não tendo sido queimada a sua casa, você fica afectado. Nessa situação, ninguém estará lá. Toda a gente saiu” – apontou o administrador, falando na tarde desta segunda-feira à Rádio Moçambique.
No contacto, Manussa voltou a referir-se à necessidade de a população redobrar a vigilância e, de forma imediata, comunicar às autoridades de base quaisquer sinais estranhos, tanto nas aldeias, assim como em outros locais.
No vizinho distrito de Memba, a situação prevalece aparentemente calma, apesar dos sinais de alerta que foram lançados instantes depois da confirmação do ataque a Erati.
Segundo se sabe, ao mais alto nível, o governo moçambicano e as Forças de Defesa e Segurança têm estado a dar uma interpretação de que os ataques a novas aldeias não significam, necessariamente, avanço do grupo, mas isso sim, fuga e busca de sobrevivência face à intensificação das acções de “perseguição” levadas a cabo pelas FDS. (Redacção)
Texto co-produzido com a ZitamarNews, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED